Psiquiatra Alagoana que posteriormente buscou formação complementar na
psicanálise Jungiana, Nise foi a pioneira no uso da pintura, escultura e
modelagem nos tratamentos psiquiátricos no país. Inaugurou o Museu de Imagens
do Inconsciente, em 1952, com o mais original acervo de obras artísticas
produzidas por indivíduos com psicoses, em especial, com esquizofrenia.
Nascida em Maceió, estudou na Faculdade de Medicina da Bahia, e se
formou em 1926, quando se muda para o Rio de Janeiro. Ingressou, através de concurso,
no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia. Trabalhou como residente
no Instituto de Neurologia Deolindo Couto e depois é transferida para o Centro
Psiquiátrico Pedro II.
Nise foi denunciada ao governo Getúlio Vargas em 1936 como simpatizante
do Partido Comunista. Passou 16 meses na prisão.
Após ser libertada, volta ao Pedro II e rejeita com veemência as
agressivas terapias psiquiátricas utilizadas naquela instituição até então.
Cria, juntamente com colaboradores, a Seção de Terapêutica Ocupacional e
Reabilitação, orientada pelas teses do psicanalista Carl Gustav Jung, que conheceu
pessoalmente em 1957. Jung, inclusive, esteve no Brasil para conhecer o
trabalho de terapêutica ocupacional de Nise.
Em 1956 funda a Casa das Palmeiras, primeiro esboço do modelo que
orienta hoje os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Essa casa se
caracterizava como um espaço de tratamento para as doenças psíquicas, com regime
aberto (externato).
Ao utilizar as artes - pintura, a escultura, a modelagem e a carpintaria
-, descobre que, mesmo quando a personalidade do paciente parece se desintegrar,
sua condição psíquica mantém uma força criadora para a produção de imagens.
Nise utilizava o convívio com cães e gatos também como medida
terapêutica, e tinha inúmeras demonstrações de que a afetividade não se anula
pelo problema mental.
Entre outros trabalhos, Nise publicou “Jung: vida e obra” (1968), “Imagens
do inconsciente” (1981) e o “O Mundo das Imagens” (1992).
A “Psiquiatra Rebelde”, Nise da Silveira, morreu de insuficiência
respiratória no Rio de Janeiro, em 1999.