Nise Magalhães da Silveira nasceu em
Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de 1905.
Ingressou com apenas 15 anos na
Faculdade de Medicina da Bahia, ambiente predominantemente masculino na época.
Formou-se em 1926, sendo a única mulher entre os jovens bacharéis.
Seu trabalho de conclusão de curso era
intitalado “Ensaio sobre a criminalidade das mulheres da Bahia”.
Em 1927 vai para o Rio de Janeiro,
onde frequenta a clínica de neurologia da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro, recebendo grande influência de Antônio Austregésilo.
Em 1933 foi aprovada no concurso para
médica psiquiatra da antiga Assistência a Psicopatas e Profilaxia.
Em 1935, participou União Feminina do
Brasil, entidade em defesa dos direitos das mulheres vinculada à Aliança
Nacional Libertadora. Foi presa no ano seguinte, no governo Getúlio Vargas,
como comunista e por isso, afastada do serviço público até 1944, ano em que
iniciou o trabalho no Hospital Psiquiátrico Pedro II, transferido da Praia
Vermelha para o Engenho de Dentro.
Durante o período em que esteve
afastada, novos "tratamentos" foram adotados como o eletrochoque, o
coma insulínico e a lobotomia. Recusou-se sempre a utilizar esses métodos,
inclusive pelo fato de se assemelharem aos métodos de tortura que vira quando
na prisão.
Em oposição à condução da
psiquiatria tradicional, assumiu a Seção de Terapêutica Ocupacional e
Reabilitação.
As obras artísticas produzidas por
seus pacientes nos ateliês de pintura e modelagem inspiraram Nise a fundar, em
20 de maio de 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente, centro de tratamento e
pesquisa.
Nise percebeu, a partir das imagens do
inconsciente desses artistas, inúmeras expressões que sugeriam uma tentativa de
reordenação, o que contrariava muitos estudos acerca das produções plásticas de
internos de instituições psiquiátricas. Um grande colaborador dessa nova
inflexão teórica acerca da terapêutica ocupacional utilizada por Nise foi Carl
Gustav Jung. Nise foi a precursora da psicanálise jungiana no tratamento de
pacientes psiquiátricos, de maneira sistemática, no Brasil.
Em
1954, Nise fundou o Grupo de Estudos C. G. Jung, que foi oficializado em 1969.
Nesse período, em 12 de novembro de 1954, enviou carta a Jung acompanhada de
fotos de desenhos circulares produzidos por pacientes seus, e um mês depois,
Aniella Jaffé, secretária e colaboradora de Jung, respondeu, informando o
grande interesse de Jung pelas mandalas pintadas por esquizofrênicos.
Fundou em 1956 a Casa das Palmeiras,
clínica em regime aberto (externato), participou em 1957 do II Congresso
Internacional de Psiquiatria em Zurique, iniciando estudos no Instituto C. G.
Jung, de 1958 a 1964 Em 1968 fundou o grupo de estudos do Museu de Imagens do
Inconsciente.
Organizou, nesse mesmo ano, as
comemorações do Centenário de Jung no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Recebeu, ao longo da vida, várias
homenagens e títulos, como Doutora Honoris
Causa da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ), Medalha Chico Mendes das mãos do Grupo
Tortura Nunca Mais, foi membro-fundadora da Société Internationale de
Psychopatologie de l’Expression, em Paris, França, ganhou o Prêmio de Melhor
Livro de Ensaios da Academia Brasileira de Letras pela obra O mundo das
imagens, foi Membro da Comissão de Honra do Museo Attivo delle Forme
Inconsapevoli em Gênova, Itália.
Foi indicada pelo Deputado Federal
Paulo Delgado em 28 de janeiro de 1998 a concorrer ao Prêmio Nobel da Paz.
Faleceu em 1999 no Rio de Janeiro.
Deixou a lição do afeto como a única ponte
que pode aproximar o esquizofrênico, apartado do mundo externo, à realidade.
AGRADECEMOS,
NISE!!!